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Pontes

  • Foto do escritor: Juliana GUZZO
    Juliana GUZZO
  • 16 de dez. de 2022
  • 2 min de leitura


Tentei fazer poesias, crônicas, jogos de palavras com alegorias e figuras de linguagem, tudo tentando dizer o que sinto, sem dizer diretamente.


Eu não sei se é dificuldade de definir os sentimentos em palavras, se é medo de que dizendo elas se tornem uma realidade e eu pareça uma sentimentalista idiota ou se só não estava incomodando o suficiente para conseguir escrever.


Esse texto é sobre os outros e eu, sobre coisas que fazem comigo e eu também faço com os outros. Coisas que não são maldade, coisas que são escolhas, conscientes ou não, mas que todos nós, os outros e eu, fazemos.


Conforme a vida estica nosso tempo, aumenta nosso mundo, as distâncias entre nós e algumas pessoas aumenta também. Antes do advento da internet eu não sentia, talvez, o que se passa agora.


A vida seguia e muita gente ficava apenas no tempo e espaço que tínhamos convivido. Eu fui e também fiquei em muitas relações. Era natural, não havia grandes sofrimentos.


Com o uso das redes, fomos criando janelas para ver a vida dos outros, era mais fácil manter contato com quem a gente gostava, saber da vida deles e imaginar que participaríamos. Nem sempre isso acontece de verdade.


Olhando stories nesse fim de ano senti uns sentimentos estranhos. Vi a vida de gente que eu gosto tanto passando, feliz, cheia de encontros com os amigos e tempo para isso.


Os sentimentos estranhos não eram dos felizes. Fiquei lembrando vários "vamos marcar", "te ligo" e outra coisas desse tipo que a gente diz pra quem a gente gosta, mas não faz falta nenhuma na nossa vida. A nossa vida funciona e é feliz sem essas pessoas.


Eu me vi pequena, me esforçando muito, muito mesmo pra fazer pontes por essas janelas de ilusão. Sustentando muitas delas sozinha, apenas para poder, um dia quem sabe, atravessar e voltar para aquele lugar comum onde eu era parte das pessoas que importavam.


Senti tristeza por mim, não ciúmes dos novos amigos, das vidas felizes que eu não faço parte mais. Só tristeza, um cansaço enorme por ter feito ou sustentado essas pontes sozinha e a certeza de que eu não vou mais segurar.


É difícil dizer adeus dentro da gente para boas pessoas, trocar elas do lugar de amigo, para colega, de colega para conhecido. É difícil, mas é preciso e eu estou fazendo a mudança.


Mudança cansativa e exaustiva de realocar sentimentos e também entender quando eu estive do outro lado, olhando pra pontes que eu não queria mais atravessar, sem fechar minha janela.


Cada vez mais eu tenho vontade de não usar as redes sociais e num futuro breve acredito que além de não querer usar, talvez eu não precise mais e enfim feche todas as janelas e derrube todas as pontes.



 
 
 

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