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O banquete das ratazanas

  • Foto do escritor: Juliana GUZZO
    Juliana GUZZO
  • 2 de set. de 2022
  • 2 min de leitura


Convido vocês a lerem o meu texto, aqui e no livro lançado pela Editora Libertinagem, e a conhecerem os outros autores que fazem parte dessa iniciativa.


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O banquete das ratazanas


Desde o começo do fim de tudo, a imagem que eu fazia na cabeça era de um bando de ratazanas encontrando um banquete. Para quem nunca viu uma ratazana em atuação, tampouco um bando, elas devoram tudo numa fração de tempo tão pequena que mal é possível reagir ao ataque.


Comida, carniça, lixo, restos de qualquer coisa são desintegrados pela ânsia de consumir desesperadamente. Afinal, sabe-se lá quando irão encontrar alimento novamente. Agora imagine um bando de ratazanas encontrando um banquete. Imagine esse banquete em um palácio e, também outros, em casas de poder.


As ratazanas nunca viram tanta fartura na vida. Aliás, ver, elas já viram, à espreita, através das frestas dos ralos do esgoto, olhando do lado de fora das janelas, quase tocando, mas sem poder tocar, ou pelo menos sem acesso fácil e total à comida. Muito menos acesso em bando, apenas adentravam esses recintos furtivamente, em meio a outros predadores distraídos com o próprio banquete.


Mas agora o banquete é servido para as ratazanas. Infelizmente, são a maioria, ou pelo menos estão em locais de abrir a porta para os seus iguais ou parecidos. Agora, para o azar de quase todos que não moram nos palácios, elas são anfitriãs e convidadas nos banquetes.

Avançam, atacam ferozmente. Primeiro a comida, depois as toalhas, guardanapos e estofados. Nem as cortinas e carpetes vão escapar da fúria delas. As ratazanas sabem que é a primeira, mas também provavelmente a última vez que terão acesso tão livre aos salões dos banquetes, por isso vão consumir tudo o que for possível nesse tempo em que podem estar lá e assim o farão.


Depois do tempo das ratazanas, haverá muito a se

reconstruir, a cuidar do rastro de destruição e mazelas que elas deixarão. De todos os predadores e pragas que já enfrentamos antes, as ratazanas vão figurar entre as piores lembranças da nossa história. Talvez, depois disso, a gente leve mais a sério o controle de pragas e também feche melhor as portas, as janelas e os buracos em que elas costumam entrar.

 
 
 

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