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Sangrando...

  • Foto do escritor: Juliana GUZZO
    Juliana GUZZO
  • 20 de jul. de 2022
  • 1 min de leitura



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Da dor que me rasga carne,

que me tira o gozo

e a leveza do dia

eu faço luta,

já que não tenho escolha de viver em paz.


A vida é uma guerra

para quem nasce como eu nasci.

E eu?

Eu já nasci sangrando

e continuarei a jorrar meu sangue por toda minha existência.


Sangrando,

sangrando…

Naturalmente e

também de modo violento.


Sangro pelo que me tiram,

sangro pelo que tenho que retirar de mim.

Nem tudo que tenho dentro no meu corpo

eu escolhi ou consenti carregar.


Sangro por me adentrarem sem permissão,

no corpo,

na vida,

na alma.


Ser mulher é ter um corpo esquartejado diariamente em praça pública,

enquanto todos andam apressados,

desviando o olhar

por covardia

ou complacência com quem me dilacera.


Um corpo que sangra,

mas não morre.

Meu sangue escorre pela terra,

brota e renasce em outras de mim.


Eles não sabem, 

estamos cansadas de ter que renascer.

Qualquer dia desses,

perderemos o respeito pela terra

e a sujaremos com o sangue deles.


Ps.:


Escrevo minha dor em versos sem rima,

com ódio e fúria

para tentar agir e viver em paz.

Eu não sou como eles,

eu jamais me deixarei ser.


 
 
 

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